Avant Premiére

05/12/1997

Vídeo Documentário

O Ídolo Negro ou Eu Não Sou Lixo

A festa da avant-premiére do vídeo documentário “O Ídolo Negro ou Eu Não Sou Lixo” acontece nesta sexta-feira, dia 05 de dezembro. A banda “It’s Only Evaldo Braga” fará uma apresentação depois da exibição do vídeo. A formação da banda é: Fred Jamaica (baixo e voz), Walter jr. (teclado), Adilson Xiló (bateria), Leandro Silva (guitarra), Marcelo Mastur (locução e perfomance), Getúlio (sax), prof. José Geraldo (trumpete). Durante o show haverá a participação especial do cantor Antônio Braga, irmão de Evaldo Braga, e do grupo “The Jingles”. Os ingressos custam R$5,00. Reservas pelo telefone 241 2189.

O eixo narrativo do documentário não é visual. É, como se diz, “no verbo”. A proposta inicial do vídeo partiu do pressuposto de contar a história do Ídolo através da história das pessoas e do que ele representa para elas. Assim, os depoimentos são encadeados pela palavra. Foram entrevistados fãs anônimos e nomes conhecidos do público que conheceram ou conviveram com Evaldo Braga, entre eles, Dadá Maravilha, o cantor Ismael Carlos (autor da música “Fofoqueira”), o ex-jurado do Chacrinha Jorge Mascarenhas e o pesquisador de música Luiz Fernando Vieira (biógrafo de Wilson Batista e Geraldo Pereira). O vídeo documentário “O Ídolo Negro ou Eu Não Sou Lixo” tem 25 minutos e quatro blocos: fãs, Braga, brega e morte.

Além do vídeo, a história do ídolo negro pode ser encontrada também na Net. O endereço é www.africanet.com.br/~mídia.

Evaldo Braga

Evaldo é um mito, um herói, um porta-voz. Virou uma personagem de uma parte de nossa cultura excluída dos livros de história. Filho da televisão, do rádio e da dita imprensa marrom, Evaldo Braga estrelou a cena pop nacional no início dos anos setenta, com projeção rápida e ascensão promissora. Vendeu discos para todo o país, excursionou por cidades do interior , sempre a procura de sua mãe durante a caminhada. Caminhada curta, mas pedregosa.

Infância parecida com milhares de outras. Negro, rejeitado por seu pai ainda de colo, cresceu em um meio em que a opção pela marginalidade era o caminho mais fácil e mais provável. Sua vontade foi sua diferença. O desejo pela fama sempre o acompanhou. Mantinha, ainda na Funabem, uma disputa com um colega seu: um dizia que ia ser um cantor famoso. Outro, que ia ser um jogador de futebol famoso. Esse colega era Dário Peito de Aço, o Dadá Maravilha.

Visto com preconceito da elite em sua época, e ainda hoje, Evaldo queria respeito e reconhecimento. Mesmo campeão de vendas, sentia-se inseguro. Queria reconhecimento. Que todos aceitassem seu sucesso. Irritado com as críticas que recebia, chegou a afirmar em um jornal "Não faço música para a elite. Gravo para os que moram na Zona Norte, que entendem as minhas músicas."

Sua vida e as dificuldades que enfrentou até aquele momento da caminhada estão em suas músicas. "As minhas músicas estão inspiradas, quase todas, nesse tempo de luta e de sofrimento. Elas espelham exatamente o que passei, que é, na verdade, o que muitos passam. Isso explica porque meus discos vendem". Para essas pessoas que criticavam sua música e seu estilo, fez “Tudo Fizeram pra me Derrotar”.

Morreu no ano mais promissor, segundo ele mesmo, de sua curta carreira. Evaldo Braga faleceu em um acidente de carro na BR-040, antiga BR-3, também chamada “União Indústria” , em trecho próximo ao município de Alberto Torres, no estado do Rio. Deixou uma legião de fãs desconsolados. O Cemitério São João Batista na cidade do Rio de Janeiro lotou. A comoção teve que ser contida com o apoio da tropa de choque da PM local.

Evaldo era supersticioso. Não andava sem uma espécie de guia enrolada em sua mão direita. No dia de sua morte, uma fã havia lhe arrancado a tal guia.

Natora Produções Grotz

A NTPG é uma produtora incipiente e busca uma nova forma de se produzir e sobre o que produzir. Acreditamos nas idéias e duvidamos do chamado momento certo para se fazer. Somos fatalistas e sabemos que a morte é a única certeza de nossa vida. Fazemos com a estrutura que nos é possível ter acesso, e, com ela, buscamos o melhor.

Partindo do conceito mercadológico do cash from chaos, introduzido no mundo dos negócios por Malcom Maclarem, empresário dos Sex Pistols, e na ética punk/hip hop do faça você mesmo baseada na “brodagem”, na troca de favores, a NTPG não busca ser a melhor, mas busca ser ela mesma. O caminho é mais importante que o próprio objetivo.

Natora: Fazer como se pode, fazer o melhor com o que se tem. Ênfase na ação, na práxis e no aprendizado como parte principal do processo. É fazer fazendo.

Grotz: 1-Conceito derivado do grotesco, só que devidamente adaptado à nomenclatura dos internautas e do universo cibernético. 2-Centro comercial existente às margens da BR3 .